sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Teatro São João - Lapa/Paraná                                                          Foto: JLC




Teatro inaugurado no Séc. XIX - 1876. Recebeu a visita do Imperador D. Pedro II em 1880. Serviu de enfermaria durante o Cerco da Lapa, na Revolução Federalista, em 1894.


sábado, 31 de março de 2012

VEREDAS TROPEIRAS DO BRASIL MERIDIONAL

Colegas, este é um rabisco quase perdido - de meu amigo Vitamina e meu - para uma especialização em História e Geografia do Paraná. Dei uma arrumadinha e aí está. Muito a aprender sobre nossa história! Boa pesquisa!


TROPAS: OITO VEREDAS TROPEIRAS DO BRASIL MERIDIONAL COLONIAL
Por Henrique Paulo Schmidlin (Vitamina)
e José Luiz de Carvalho


        Somente a partir de 1985 a historiografia brasileira reconheceu o tropeirismo como um importante ciclo econômico. O principal responsável pela integração do Brasil meridional, possibilitando a expansão territorial lusitana além dos limites tordesilhianos, garantidos pelo “utis possedetis”.

O movimento da condução de animais (tropas) no território sul-americano começou com os criadouros dos campos de Curitiba, logo estendidos aos Campos Gerais,  este no segundo planalto, no alvorecer de 1704. Após essa data tiveram início as tropeadas vindas do sul, desde as praias uruguaias até São Francisco do Sul; com a transposição da barreira da Serra do Mar, pelo Caminho dos Ambrósios, em direção aos Campos Gerais. E daí    esticando-se a Sorocaba, São Paulo. Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais veio a necessidade premente de muares, único animal adaptado a uma locomoção em terrenos acidentados - existentes em abundância nos campos argentinos e uruguaios.

A condução pelo chamado Caminho das Praias   mostrou-se onerosa, difícil e arriscada, tendo o Governo Central exigido a abertura de uma rota por terra. Coube ao tenente Francisco Souza e Farias, junto com Cristóvão Pereira, inaugurar em 1732 o caminho Araranguá-Campos Gerais. Foram gastos 2 anos de continuado labor para encontrar a melhor rota. E, especialmente, a travessia da floresta atlântica na Serra do Espigão, atual região de Papanduva.

Dois anos depois Cristóvão Pereira conseguiu encurtá-lo, partindo de Viamão (hoje um bairro de Porto Alegre) pelo imenso vale de Taquari, passando por Santo Antônio da Patrulha, São Francisco, Ausentes e Bom Jesus. Até cruzar com a trilha aberta por Souza Farias.

À medida que avançavam as ocupações territoriais pela presença dos tropeiros - muitos fixando-se à terra -  estimulou-se a alteração gradual dos Caminhos das Tropeadas e o surgimento de muitas aglomerações humanas, que vieram a se transformar em freguesias - que breve alcançaram o status de vila. Por razões de ordem geográfica todas as veredas tropeiras foram se desviando ligeiramente para o oeste.

O caminho Viamão-Sorocaba tinha no Passo Vitória o grande obstáculo natural na transposição do rio Pelotas.

Em 18l0, já com a existência de Vacarias, foi possibililitada a abertura do caminho para São Borja, passando pelos Matos Português, do Meio e Castelhano; impulsionando o comércio de animália com os criadouros do norte argentino e eliminando o Passo Vitória. Em 1768 a necessidade estratégica portuguesa - para se opor aos avanços castelhanos do oeste para leste no Paraná - acelerou as explorações e a ocupação brasileira até às margens do rio Paraná. Apesar de ter passado desapercebida a descoberta dos Campos de Guarapuava em 1753. Sendo somente adotada a antiga rota de 1.770. Porém, essa descoberta, atribuída ao sargento Cândido Xavier de Almeida e Silva, possibilitou a busca de outros caminhos, diretos aos criadouros platenses.

Em 18l6, o alferes Atanagildo Pinto Martins partindo de Guarapuava, contando com a ajuda do guia índio Jongeng, conseguiu em três meses de marcha exploratória passar pelos Campos Novos, encontrando uma nova passagem do Pelotas, no Passo do Pontão e cruzando a estrada de Vacarias-São Borja, na altura do Mato Português. Doravante, passou-se a utilizar esse novo traçado: São Borja - Guarapuava - Ponta Grossa. Este traçado, porém, não satisfazia os tropeiros em razão do forte desvio para leste e da grande presença de índios hostis, que Jongeng sabia existir.

 Por fim em 1.845 foi concluída a última etapa tropeira - ou oitava vereda - sob o comando do tenente Francisco Ferreira Rocha Loures, também de Guarapuava. Conduzido pelo índio Condá, encontraram o Passo de Goio-En e alcançaram os Campos de Nonoai, cruzando a estrada de Vacarias - São Borja. Foi a rota que perdurou, até os estertores finais da saga tropeira do Brasil meridional.




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O CAMINHO DO ITUPAVA


A história de um território, de uma região etc., sempre é contada através da perspectiva de sua ocupação. Para que ocorra a exploração e ocupação definitiva sempre foi necessária à utilização de picadas, caminhos, rotas fluviais e marítimas entre outras vias rústicas de comunicação.

No Paraná, estes exemplos também podem são aplicados. Portanto, a seguir vieram as estradas onde só passavam animais de carga e carroças, as ferrovias e as estradas pavimentadas com saibro, conchas encontradas nos inúmeros sambaquis na região litorânea, pedras irregulares, paralelepípedos e asfalto. Todas, indistintamente foram responsáveis para a formação deste estado.

Itupava, segundo Leão, é o "nome do antigo caminho ou pique, communicação entre o litoral e planalto curitybano. Também era conhecido por Estrada do Cubatão". Ele fez parte do rol de caminhos que ligavam mais do que o planalto curitibano, mas todo o território a oeste. Significa dizer, por exemplo, regiões além do rio Paraná até chegar aos atuais territórios andinos.

Caminhos como o Itupava foram utilizados intensivamente pelos europeus após a sua chegada em terras americanas a partir do século XV. Todos indistintamente são originários de trilhas antigas, pré-colombianas. Portanto, é imprescindível afirmar que a exploração e a conquista do território só foi possível através da orientação de indivíduos que detinham o conhecimento da região, os indígenas.

Por mais de dois séculos o Itupava se configurou como importante via de comunicação. Isso só se concretizou com a desobstrução de passagens e a pavimentação de trechos entre outros serviços de melhorias e manutenção ao longo dos anos.

O trajeto primevo (sentido planalto-litoral) iniciava atrás do atual Teatro Guaíra, onde passa o rio Belém. Depois seguia em direção aos atuais bairros do Bacacheri e Atuba. Dali seguia até as imediações da localidade de Borda do Campo, atual município de Quatro Barras, já bem próximo da Serra do Mar. Saint-Hilaire descreve que " ... Deste ponto em diante o terreno ia se tornando cada vez mais acidentado até atingir o Pão de Loth - morro que marcava o início da Serra do Mar. Do Pão de Loth ao fim da serra, o caminho era áspero e penoso aos viajantes, vadeando córregos turbulentos de água límpida, abeirando precipícios medonhos, onde o perigo era sempre iminente". Transpondo a serra o caminho seguia até a localidade de Porto de Cima (município de Morretes). Deste ponto em diante era possível seguir até Paranaguá.

Ainda hoje é possível realizar uma caminhada pelo Itupava. Este caminho se configura como um precioso patrimônio cultural e turístico brasileiro. Ao percorrê-lo vislumbram-se as belezas naturais da Floresta Atlântica assim como uma parcela significativa da História do Brasil.

Referências Bibliográficas.

LEÃO, Ermelino A. de. Diccionario do Paraná. Curitiba: Empresa Graphica Paranaense, 1928.
MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: FCC, 1995.
MOREIRA, Júlio E. Caminhos da Comarcas de Curitiba e Paranaguá; Curitiba: I.Oficial, 1985.
SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem pela comarca de Curitiba. Curitiba: FCC, 1995.


Glossário.
. Sambaqui: Do tupi tamba'ki. Monte ou depósito de conchas construído pelo homem.
. Pré-colombianas: Antes da descoberta das américas.




quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

PARANÁ: TERRA DA ERVA-MATE

Parque Histórico do Mate em Campo Largo - Foto: JLC
A erva-mate leva o nome científico de Ilex paraguaiensis. Os Kaingang denominam-na de Kógûnh. Os Guarani a chamam de Caa, e Caapi é o chimarrão preparado por eles para ser servido entre os convivas. Têm-se relatos de que também era utilizada pelo povo Quíchua, nos Andes. Mas foi dos nossos índios, habitantes originais da terra, que herdamos o gosto pelo chimarrão, ou mate. O nome científico foi dado pelo cientista e viajante francês Auguste de Saint-Hilaire, que em viagem pela província do Paraná, no ano de 1820, interessou-se pela planta e a catalogou: chegou a dar-lhe dois nomes científicos; o que vingou para a história e um segundo nome, bem brasileiro e paranaense, Ilex curytibensis. Quase que a erva-mate, nativa da região meridional da América do Sul, se tornou cientificamente paranaense e curitibana.
Nos primeiros tempos da conquista do Paraná foram os espanhóis os primeiros a estabelecerem o comércio da erva-mate. Nas reduções jesuíticas da Província Del Guairá os índios guaranis, sob o comando dos jesuítas, trabalhavam na coleta e produção do mate que era comercializado nas cidades espanholas de então e em toda a província. Essa atividade perdurou até meados de 1632, época em que os bandeirantes paulistas já haviam iniciado a invasão e a destruição do Paraná espanhol. Nos séculos XVIII e XIX os tropeiros, que levavam o gado bovino e muares vindos dos campos do sul para serem comercializados em Sorocaba, São Paulo, ajudaram a difundir o hábito do chimarrão por quase toda a região sul do Brasil e os Campos Gerais do Paraná.
Mas o fato é que a erva-mate se tornaria, nos séculos XIX e início do XX, um dos principais produtos da economia do Paraná. Estima-se que após a emancipação da Província do Paraná, em 1853, até a década de 1930, ela representava em torno de 80% da economia paranaense. Por essa época o Estado contava com quase uma centena de engenhos para o beneficiamento de erva. Apesar dos primeiros engenhos terem sido construídos no litoral, a erva-mate, produzida nos engenhos do planalto, prosperou e passou a ser levada em lombo de muares para o porto de Antonina e à Alfândega de Paranaguá (futuro Porto D. Pedro II, ou Porto de Paranaguá). O Paraná então exportava principalmente para o Uruguai e a Argentina. Mais tarde passou a ser conduzida pelos carroções, introduzidos pelos imigrantes europeus.
Com a inauguração da navegação a vapor pelo Rio Iguaçu, em 1882, e da ferrovia Curitiba-Paranaguá, em 1885, estes passaram a ser os grandes meios de transporte da erva-mate para o comércio interno e a exportação. No final do século XIX o comércio era tão intenso que foi construído, por exemplo, um ramal ferroviário de Guaíra a Porto Mendes para transpor os Saltos das Sete Quedas, pois a Companhia Matte Laranjeiras, detentora de áreas de produção no Mato Grosso do Sul, transportava a produção pelo rio Paraná. Até o século XIX a erva-mate para exportação era acondicionada em Surrões (invólucro de couro que protegia o produto). A partir desta época passaram a ser utilizadas as Barricas de madeira, que criaram toda uma geração de fabricantes. Isto motivou o surgimento de uma classe de trabalhadores especializados e organizados, como a Sociedade Barriqueiros do Ahú, por exemplo. Com a barrica apareceram os Rótulos, a marca impressa do fabricante. Todos esses elementos fazem parte do grande patrimônio legado pela indústria da erva-mate no Paraná; além dos velhos engenhos remanescentes que ainda encontramos no Estado. Alguns deles com todas as suas estruturas quase intactas, como os Carijos e Barbaquás.
Ainda hoje a erva-mate é parte importante da economia do Paraná, com o Estado sendo o maior produtor nacional. Atualmente, porém, não é somente produzida para o consumo como chimarrão, pois é comercializada sob a forma de chá, refrigerante, e até sorvete. Também está sendo utilizada, embora em pequena escala, na indústria química para a fabricação de cosméticos, tintas e resinas. O certo é que a erva-mate (a Caá, ou a Ilex Paraguaiensis) é parte importante da história, da economia e da cultura paranaense.
Primeira firma individual, criada em 1874, e registrada em 1893 em Curitiba.
Fundada pelo Barão do Serro Azul e dedicada à importação e exportação de erva-mate.
O barão foi um dos maiores empresários do mate à época.
Foto: Acervo José Luiz e Aimoré


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

ASPECTOS HISTÓRICOS E URBANOS DE CIDADES PARANAENSES SURGIDAS A PARTIR DO TROPEIRISMO

Até o momento vários foram os estudiosos que desenvolveram pesquisas relacionadas aos aspectos históricos, sociais e urbanos das cidades surgidas com o tropeirismo. Contudo, os estudos já realizados se direcionam a uma pequena parcela da sociedade campeira paranaense dos séculos XVIII, XIX e parte do XX, privilegiando somente os grandes criadores e comerciantes de gado.

E quem mais fez parte desta história? Todos aqueles que direta ou indiretamente trabalharam para que o tropeirismo transforma-se, por um longo período, na economia mais importante da região sul.

Por isso, é necessário ter-mos a preocupação de resgatar e revelar uma história real e mais humana, onde os excluídos também possam surgir como seus personagens.

Na porção paranaense do Caminho das Tropas encontramos dez cidades, atualmente sedes de municípios, que se formaram no magnífico período do tropeirismo. No sentido sul/norte relacionamos: Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés.

Estas cidades nasceram da necessidade comum de se estabelecer, em toda a extensão do caminho, pontos onde os tropeiros pudessem se abrigar e comercializar alguns produtos no final de cada etapa de viagem.

O uso constante desses pontos transformou esses locais em pousos e, esses pousos em pequenos vilarejos onde fixaram um razoável número de pessoas, formando mais tarde, pequenas cidades. Esses núcleos populacionais somados com os do litoral constituem-se nos mais antigos do Estado do Paraná.

Hoje, dado a importância histórica, estas cidades servem como suportes para a memória de todos nós paranaenses, pois são referenciais da ocupação do nosso território. Dentro de uma visão, mais ampla, também podemos dizer que são monumentos nacionais, pois a somatória de seus edifícios, ruas e a sua população determinam a identidade histórica desses lugares fazendo o contraponto com outras cidades brasileiras.

As dez cidades paranaenses que nasceram em conseqüência da economia tropeira possuem características semelhantes; todas, porém, mantêm identidade própria.

Com relação ao aspecto urbano é importante ressaltar que o eixo de fixação e expansão destas cidades seguiu o traçado do antigo caminho das tropas, constituindo importante artéria viária. Essas ruas em cidades como Ponta Grossa, Lapa e Castro, por exemplos, mantêm duas denominações, quais sejam: a primeva, “Rua das Tropas”, como forma de preservar a história e outras que contemplam a contemporaneidade. Na Lapa a Avenida Manoel Pedro também é a Rua das Tropas

Por volta de 1820, Saint-Hilaire visitou algumas dessas cidades. Em suas observações e comentários retiramos o seguinte: ... Castro é composta de centenas de casas que se enfileiravam ao longo de três ruas compridas. A população era constituída por alguns comerciantes, prostitutas e alguns artesões. Dentre os últimos, os mais numerosos eram de seleiros, o que não é de admirar numa região onde os homens passam a maior parte do tempo em cima de um cavalo... os habitantes de terras vizinhas se dedicavam... à criação de bois e cavalos..

O engenheiro inglês Thomas Bigg-Witter, em suas andanças (1872-75) pela recém criada Província do Paraná, relata que Ponta Grossa e Palmeira “já tinham alcançado certa dignidade”, por já possuírem hotéis e outros tipos de comércio. Palmeira, nesta época, tinha mais de 3.000 habitantes e era considerada o centro de um círculo produtor, “possuindo gado e madeira em abundância”.

Estas duas narrativas testemunham que as tropas e o comércio envolvente transformaram a paisagem dos campos no Paraná. Também nos faz compreender que estas cidades não foram construídas somente de cal e pedra, nem tampouco de indivíduos ligados somente à aristocracia local ou ao clero entre outros segmentos, mas de toda a população. Por isso, a prática social foi um fator preponderante nesta diferenciação.

São vários os elementos com os quais podemos trabalhar esta questão, sendo um deles os ofícios de parte da população integrantes dessas vilas. Tomamos como exemplos as prostitutas, os seleiros e os pequenos produtores rurais. Cada qual com suas especificidades prestavam serviços àqueles que trabalhavam diretamente ou não com a lida tropeira.

São profissões características de cidades com um certo tom de vanguarda tanto econômico quanto social. Concomitantemente a estas atividades econômicas também existiam outras que supriam as necessidades básicas da população que crescia a cada ano.

Nos arredores de Castro que já contava com uma população de mais de 5.000 indivíduos, havia uma produção expressiva de arroz, feijão, milho e trigo com o qual se fazia um apreciável e saboroso pão branco (Saint-Hilaire, 75).

A evolução destas cidades e a distribuição urbana são características da ocupação definitiva dos Campos Gerais conseguida, principalmente, através da árdua atividade pastoril.

A lembrança desta história se manteve, principalmente, através na memória desses heróis brasileiros e seus descendentes, do patrimônio documental, arquitetônico e arqueológico deixados como legado para as gerações futuras.


Bibliografia Básica

Bigg-Witter, T. P. Novo caminho no Brasil meridional: a Província do Paraná, três anos de vida em suas florestas e campos -1872-1875. Rio de Janeiro: José Olympio/UFPR, 1974

Saint-Hilaire, A. Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina. São Paulo: Itatiaia/EDUSP, 1978.

Trindade, J. B. Tropeiros. São Paulo: Editoração Publicações e Comunicações, 1992.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

BANDEIRAS E BANDEIRANTES

As bandeiras eram organizadas por iniciativa de particulares, os bandeirantes e compostas hierarquicamente por um chefe branco ou mameluco que comandava os outros integrantes como religiosos, escravos e indígenas.

Os principais objetivos das bandeiras eram: - combater invasores estrangeiros, indígenas e escravos quilombolas; - desbravar os sertões e descobrir ouro e pedras preciosas; - aprisionar mão-de-obra indígena. O número de participantes podia variar entre algumas poucas dezenas e centenas de indivíduos.

A partir da segunda metade do século XVI, parte dos habitantes da capitânia de São Vicente passou a migrar do litoral para o interior, ultrapassando os limites da “Grande Muralha”, a Serra do Mar, em direção ao oeste. Separados do litoral por essa barreira natural e pela distância que se encontravam da metrópole portuguesa, os paulistas foram buscar recursos no sertão.

As bandeiras mais importantes percorreram os sertões nos séculos XVII e XVIII sem respeitarem os limites territoriais delimitados pelos tratados assinados entre os reinos de Portugal e Espanha. Partiam, principalmente, da vila de São Paulo de Piratininga, atual cidade de São Paulo e adentravam os sertões utilizando as vias fluviais disponíveis assim como de todos os tipos de trilhas.

Os chefes das bandeiras eram administradores rigorosos principalmente quanto à disciplina. Invariavelmente, todas as expedições de sucesso eram comandadas, com mão-de-ferro, por pessoas ligadas intimamente à família dos proprietários como filhos, sobrinhos e genros. Essa espécie de vínculo era uma prática imposta normalmente para evitar conflitos internos, a desagregação e a dispersão do grupo durante as expedições.

A Expressão bandeirante refere-se àquelas pessoas arrojadas e audaciosas que participavam de expedições pelo interior do Brasil com o objetivo de descobrir, conhecer e conquistar novas terras. Segundo Vainfas, a denominação “bandeirante” foi difundida somente no século XVIII. Antes, eram conhecidos como ”gente de São Paulo” e “paulistas”. Os padres jesuítas de origem espanhola os denominavam de “mamelucos”.

Para se mobilizarem para o interior, os bandeirantes utilizaram a extensa rede hidrográfica que, a partir dos rios da região leste do atual Estado de São Paulo, desciam suas correntezas até chegar ao rio Paraná, região oeste, alcançando, por extensão, toda bacia do rio do Prata e do rio São Francisco.

Com o auxílio do conhecimento do elemento indígena moviam-se por todas as regiões. Na verdade os bandeirantes se beneficiaram da cultura indígena, sobretudo para compreender a natureza e assim conquistar o território.

Os europeus foram, aos poucos, abandonando as suas tradições e costumes devido à necessidade de se adaptarem às condições específicas do ambiente como a mata densa, o clima tropical e a convivência direta com toda a variedade de animais e insetos.

Os bandeirantes sempre foram ajudados pelos povos indígenas e foi somente deste modo que conseguiram ultrapassar os limites territoriais delimitados legalmente pelo Tratado de Tordesilhas.

A História revela duas faces dos bandeirantes. Em uma delas são exaltados como heróis desbravadores importantes para a formação, ocupação e conquista do território brasileiro durante o período colonial. Em outra, a partir de estudos realizados na documentação produzida pelos pares jesuítas, são indivíduos que se destacam pelo emprego da violência, destruição das missões religiosas e escravidão indiscriminada de indígenas. Mas, sem sombra de dúvidas o bandeirante é figura ímpar em nossa história. Através da análise dos seus inventários é possível afirmar que, na verdade eram modestos lavradores, pequenos mercadores e aventureiros rústicos. Dedicavam-se, impreterivelmente, à agricultura de subsistência e a à captura de índios pelo interior.

A Capitânia de São Vicente se tornou ao longo do tempo o principal pólo irradiador do bandeirantismo. Os engenhos desta capitania não conseguiam competir com a produção da região nordeste, que geograficamente mais próxima da Europa, controlavam o mercado. Por isso, o insucesso da produção de açúcar promoveu o deslocamento dos vicentinos para os campos de Piratininga, onde o clima, vegetação e as inúmeras aldeias indígenas viabilizaram os estabelecimentos agrícolas.

Este deslocamento foi responsável pela implantação de uma nova agricultura na região acima da serra. Ao contrário da prática da agricultura extensiva da cana-de-açúcar realizada na faixa litorânea, nesta região foi possível a criação de gado, o plantio de trigo, vinha, marmelo e algodão. Com o marmelo fabricavam e exportavam para vários lugares uma iguaria muito apreciada, a marmelada. Tudo isso colaborou para a rápida ocupação deste território.

Em determinado momento os bandeirantes se tornaram grandes produtores de trigo. A história da presença do trigo no Brasil teve início em 1534, quando as naus de Martim Afonso de Sousa trouxeram as primeiras sementes para serem plantadas nas terras da Capitânia de São Vicente. Portanto, é importante ressaltar o aspecto pioneiro deste ato. O Brasil foi o primeiro território das Américas a plantar, colher e comercializar trigo, mesmo antes das colônias espanholas, inglesas, francesas, holandesas entre outras. Para a implementação desta cultura os bandeirantes necessitavam de mão-de-obra, de preferência escrava e, aquela que estava mais próxima e à disposição era a indígena.

O embate contra os indígenas rendeu uma quantidade ideal de escravos que seriam destinados às propriedades paulistas. Os cativos não seriam, portanto, vendidos pelos paulistas para os senhores de engenho, mas empregados diretamente nas propriedades agrícolas do planalto. Agora, a economia gerada nessa atividade não pode, contudo, ser comparada com a economia açucareira destinada ao comércio exterior.

A exploração intensiva de mão-de-obra escrava indígena nas atividades agrícolas manteve-se até o início de 1640. Esta data marca o início da crise no abastecimento de escravos e, isto, levou à decadência do cultivo de trigo no planalto, incentivando a criação de gado e a procura de metais como forma alternativa de sobrevivência econômica.

A partir deste período ocorre o agravamento da crise entre paulistas e jesuítas pelo controle dos índios das missões e arredores. Acontece uma grande investida nesses locais onde se encontravam mão-de-obra pacificada e pronta para o trabalho. Embrenhando-se pelo território em busca de novas aldeias, distanciando-se cada vez mais do litoral. A volta das bandeiras para os locais de origem sempre era coroada com um número significativo de índios ou alguma porção de ouro e pedras preciosas. Calcula-se que 300.000 índios foram escravizados até o ano de 1641, quando o bandeirantismo de aprisionamento declinou e deu lugar às expedições em busca de minerais preciosos.

A bandeira comandada por Fernão Dias Paes, por exemplo, realizada no ano de 1674, tinha por objetivo a descoberta de pedras e metais preciosos. Ao final da expedição trouxe muitos escravos. Muitos integrantes de sua expedição não retornaram e fixaram-se nas Minas fundando os primeiros povoados deste território que começava demonstrar sua potencialidade mineradora.


Bandeirantes no Guairá

A busca incessante de índios para suprir a demanda de mão-de-obra para as plantações dos paulistas, chegou à região de Guairá, território espanhol delimitado pelo Tratado de Tordesilhas, onde se localizavam mais de uma dezena de missões jesuíticas e algumas cidades espanholas. Para aflição dos espanhóis algumas dessas missões se encontravam nas margens do rio Tibagi, muito próximas dos limites territoriais dos portugueses. Wachowicz afirma que “nada (era) mais atraente e compensador do que atacar as reduções onde se encontravam milhares de índios já aldeados e com certo conhecimento de algum ofício, o que melhoraria o preço de sua venda”.

Desde modo, coube ao bandeirante, além de prear índios para ser comercializado em São Paulo e outros lugares do Brasil colonial, deter o possível avanço espanhol via a implantação de reduções, vilas e cidades cada vez mais a leste do território guairenho.

Em todo território do Guairá existiam, até os conflitos finais, 13 missões organizadas pelos jesuítas e reconhecidas pelos espanhóis. Onze delas foram destruídas pela ação dos bandeirantes. Diante de tal situação duas sobreviveram às investidas dos paulistas. Por iniciativa dos missionários, incentivados pelos seus superiores, cerca de 12.000 índios que se encontravam nas missões de Loreto e Santo Inácio Mini abandonaram a região em direção ao sul e se fixaram no atual território do Estado do Rio Grande do Sul, fronteira com a República Argentina.


Bandeiras Curitibanas por Ermelino Agostinho de Leão

“No século XVII e princípios do século XVIII, as duas profissões que maiores resultados proporcionavam aos curitybanos eram as de bandeirantes e de mineiros.

Os curytibanos dessa epocha viviam em continuas bandeiras, como consta de numerosos inventários, nos quaes é frequente a menção das entradas ao sertão para o escravisamento de indios e descoberta de minas.

Este modo de vida foi seguido até os começos do seculo passado pois as expedições conquistadoras dos campos de Palmas, Curitybanos e S. João foram verdadeiras bandeiras.

Muitas dessas bandeiras merecem referencia especial como as que D. Rodrigo de Castello Branco levantou em Curityba a 13 de Agosto de 1679,levando a primeira como chefe o capitão-mór Agostinho de Figueiredo e a Segunda o P. Antonio de Alvarenga, segundo pensamos.

Fóra dessas expedicções de caracter official eram frequentes as entradas ao sertão promovidas e custeadas por particulares. Uma das mais importantes, pelas consequencias que teve, havendo contribuido para a victoria do litigio das Missões, conquistada pelo grande Barão do Rio Branco, foi chefiada pelo curitybano Zacharias Dias Cortes, que descobriu os campos de Palmas durante o governo de Rodrigo Cezar de Menezes, mineirando no Areal Grande do Inhanguera (rio que foi do diabo) que se “se vai afocinhar no Uruguay”, O governador Rodrigo Cezar logo que teve sciencia dessa bandeira, ordenou aos bandeirantes curitybanos que escrevessem o diário e o roteiro da jornada e determinou que o provedor das minas de Paranaguá cobrasse os quintos d’ouro d’el-rei dos mesmos sertanistas. Esses documentos prestaram valioso auxilio ao Barão do Rio Branco para provar a these do “uti-possidetis”, que pleiteava perante o arbitro Cleveland.

A descoberta dos campos de Palmas provocou outras bandeiras: o italiano Fidel Franco Belloto justificou que havia feito uma entrada ao sertão do rio Grande partindo dos mattos de Botiatuba com o Cap. Gabriel Alves de Araujo, e Antonio Carrasco dos Reis, voltando tempo depois em virtude de desavenças entre os camaradas de Gabriel Alves e tambem pela aridez do terreno, que não permitiu o plantio de roças. Fidel dizia ter descoberto um ribeiro de ouro e que os curitybanos eram pobres por não ter deligencia de descobrir as riquezas que havia na terra. (...)”


Glossário

Capelão – padre encarregado de dizer missa em capela; Padre encarregado da assistência espiritual a regimentos militares, escolas, hospitais, irmandades

Cleveland – Stephen Grover Cleveland. Foi presidente dos Estados Unidos da América. Ele arbitrou “A Questão de Palmas”, uma disputa territorial contenciosa entre a Argentina e o Brasil, em favor do governo brasileiro.

Jesuítas – membro da Companhia de Jesus, ordem religiosa, fundada por Inácio de Loyola.

Mamelucos – filho de índio com branco.

Naus – antigo navio redondo, tanto na forma do casco quanto no velame.

Piratininga – Piratininga, segundo Silveira Bueno, é vocábulo indígena que significa "peixe seco". Do tupi pira: peixe; e tininga: seco. O topônimo teria referência aos peixes que morriam à margem do rio Anhangabaú, depois que este transbordava pelas cheias, e findavam por secar expostos ao Sol.

Prear – tornar cativo ou prisioneiro; prender, aprisionar.

Redução – denominação atribuída a antigo aldeamento indígena organizado e administrado por jesuítas no Novo Mundo.

Vicentinos – os naturais ou habitantes de São Vicente.


Referências Bibliográficas

CARDOSO, Jaime A. Atlas histórico do Paraná. Curitiba: Livraria do Chain, 1986.

FERREIRA, Aurélio Buarque de H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

HOLANDA, S. B. de. (Org.) História geral da civilização brasileira. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1968.

HOLANDA, S. B. de. Caminhos e fronteiras (1957). 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

LEÃO, Ermelino Agostinho de. Contribuições historicas e geographicas para o diccionario do Paraná. Curitiba: Emp. Graphica Paranaense, 1926. p. 162-163.

MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: Guaíra.

MONTEIRO, J. Negros da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

REZENDE, Claudio J., TRICHES, Rita I. (Org.) Paraná espaço e memória: diversos olhares histórico-geográficos. Curitiba: Bagozzi, 2005.

VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil Colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

WACHOWICZ, Ruy C. História do Paraná. Curitiba: Dos Professôres, 1968.

http://www.brasilescola.com/historiab/entradas-bandeiras.htm -11/05/2009 - 16:37

http://www.cnpt.embrapa.br/aunidade/trigo_brasil.htm - 29/04/2009 - 11:20

apostilas.netsaber.com.br/apostilas/760.doc - 07/05/2009 / 17:15

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Por que o barreado com a pamonha?

Por José Luiz de Carvalho

Nosso Blog é uma proposta multíflua. Divulgar a história, a geografia e conhecimento sobre o Paraná de uma maneira criativa, porém séria e embasada em pesquisas, fontes e documentações.

É um espaço onde os internautas em geral - estudantes, pesquisadores, instituições, etc. - poderão conhecer um pouco mais do desenvolvimento social, econômico e cultural do Estado. Estaremos continuamente postando, procurando obedecer um certo plano didático, aspectos relevantes da formação paranaense.

Pesquisas e trabalhos que realizamos por muitos anos serão divulgados!

A contínua transformação da paisagem, os habitantes e o legado tangível e intangível da nossa cultura estarão sempre presentes, em textos, imagens e fontes bibliográficas.

O título Barreado com Pamonha é uma figura de linguagem que alude a uma ideia sintética do que é o Paraná. O barreado representando o litoral, o Paraná primevo, uma síntese das regiões que bordam o Atlântico. A pamonha - feita do milho, um original produto indígena da terra que os Guaranis denominam Avaxi ou Abati -, encontrada em todo o Estado, uma síntese das demais regiões.

O importante é valorizar nossa história e cultura, contribuindo para a constante descoberta crítica desse grande Estado. Multicultural, multifacetado, por isso rico.

Nossas saudações paranistas!

HISTÓRIA CRONOLÓGICA DO PARANÁ PARA INICIANTES

- 1500: O Território paranaense se encontra dividido pelo Tratado de Tordesilhas.

- 1536: Criadas sobre o litoral paranaense as capitanias de São Vicente e a de Sant’Ana.

- 1541: Uma expedição comandada pelo espanhol Dom Álvaro Cabeza de Vaca, a partir da ilha de Santa Catarina passa por terras paranaenses e chega a Assunção, Paraguai.

- 1549: O alemão Hans Staden naufraga na barra de Superagüi.

- 1557: Primeiras notícias sobre a baía de Paranaguá. Moradores de São Vicente e Cananéia intensificaram sua presença na baía de Paranaguá procurando comércio com indígenas. Alguns se estabelecem na ilha da Cotinga.

- 1608: Criada, em nome do rei da Espanha, a Província del Guairá, território localizada a oeste do Tratado de Tordesilhas. Nesta região foram implantadas 13 reduções jesuíticas.

- 1614: Concedida a Diogo Unhate a primeira sesmaria em terras do Paraná, no litoral do atual município de Guaraqueçaba. Inúmeras bandeiras percorrem o território paranaense. A bandeira de Fernão Dias Paes destrói as reduções jesuíticas forçando o êxodo de parte da população indígena em direção ao Tape, no Rio Grande do Sul. Intensifica-se a penetração dos vicentinos no litoral de Paranaguá e nos Campos de Curitiba a procura de ouro.

- 1646: Gabriel de Lara manifesta ter encontrado ouro em Paranaguá junto à Câmara Municipal de São Paulo.

- 1648: Descoberta de ouro possibilita a elevação do povoado de Paranaguá à categoria de Vila de Nossa Senhora do Rosário. Como autoridade portuguesa Gabriel de Lara toma posse da região de Curitiba e ergue um pelourinho.

- 1693: No dia 29 de março Curitiba é elevada à condição de Vila, pelo então Capitão-povoador Mateus Martins Leme.

- 1708: Os padres jesuítas Antônio Cruz e Thomaz de Aquino instalam-se em Paranaguá.

- 1710: Paranaguá torna-se a 2ª Comarca da Capitania de São Paulo.

- 1714: Criada a freguesia de Nossa Senhora do Pilar, hoje Antonina.

- 1731: Cristóvão Pereira de Abreu abre o trânsito do caminho entre Viamão, Rio Grande do Sul, a Sorocaba, São Paulo.

- 1750: Portugal e Espanha firmam o Tratado de Madri com a finalidade de legitimar os territórios conquistados além do meridiano de Tordesilhas. Seis anos após o novo tratado Ângelo Pedroso explora o sertão do Tibagi.

- 1767: Afonso Botelho inicia as obras da construção da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, Ilha do Mel. Foram concluídas a 23 de abril de 1769.

- 1770: Plantação de cana de açúcar no litoral para produção de açúcar e aguardente.

- 1797: Erigida a Vila de Antonina.

- 1808: Com a chegada da Família Real ao Brasil inicia o um novo processo de divisão político-administrativa das Capitanias. Curitiba torna-se sede da 5ª Comarca de São Paulo. A mando do Príncipe Regente os curitibanos da 5ª Comarca fazem expedição povoadora nos Campos de Guarapuava.

- 1811: Acontecem as primeiras manifestações para a emancipação política.

- 1818: Introdução de imigrantes açorianos no Registro do Rio Negro. Estabelece o comércio regular de erva mate paranaense com a região Platina e Chile.

- 1829: Imigrantes alemães são instalados na Lapa e Rio Negro.

- 1839: Inicia-se o povoamento dos Campos de Palmas.

- 1853: 19 de dezembro, data da emancipação política do Paraná da Província de São Paulo.

- 1854: Através da Lei nº 1 de 26 de julho, Curitiba é confirmada como a capital da nova província. Período marcado pelo apogeu do comércio de tropas que passam e invernam nos campos do Paraná. Surgem outras colônias de imigrantes europeus (Colônia do Assungüi, Colônia Thereza e Colônia do Superagüi). É criado o primeiro jornal do Paraná, “O Dezenove de Dezembro”,.

- 1860 a 1880: foram estabelecidas 27 colônias, com imigrantes alemães, poloneses, italianos nos arredores de Curitiba, Paranaguá , São José dos Pinhais, Antonina, Lapa, Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa e Araucária.

- 1862: Instalação de núcleos de migrantes mineiros e paulistas no Norte (velho) do Paraná para plantarem café.

- 1865: Surge o núcleo da Colônia Mineira, hoje Tomazina.

- 1872: Primeiras tentativas de exploração do pinho paranaense empreendida pela Companhia Florestal Paranaense, fundada por Antônio Pereira Rebouças Filho, em Piraquara. Estabelecimento de 34 colônias em localidades como: Campo Largo, Araucária, Curitiba, São Mateus do Sul, Rio Negro, Paranaguá, Contenda, Palmeira, São João do Triunfo, União da Vitória, Guarapuava, Prudentópolis e Marechal Mallet.

- 1880: Início da construção da estrada de ferro entre Paranaguá e Curitiba.

- 1885: Inauguração da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba.

- 1894: Os revolucionários federalistas, vindos do Rio Grande do Sul, tomam Paranaguá, Tijucas do Sul, Lapa, Curitiba entre outras localidades .

- 1912: Início do conflito do Contestado. Fundação da primeira universidade do Brasil, a Universidade do Paraná, atual Universidade Federal do Paraná.

- 1916: O Paraná perde parte de seu território para Santa Catarina. Chegam os primeiros colonos holandeses e japoneses.

- 1924: A Revolução tenentista iniciada no dia 05 de julho, em São Paulo, instala-se na região oeste do Paraná, precisamente no atual município de Catanduvas.

- 1927: Governo do Estado concede grande quantidade de terras a Paraná Plantations Limited. Entrada de corrente migratória povoadora vinda dos estados do sul para as regiões do extremo oeste e sudoeste do Paraná. O governo prossegue os planos de colonização de suas terras devolutas e divide o Paraná entre as companhias colonizadoras, como a MARIPÁ e a Mate Laranjeira.

- 1930: O Paraná adere ao movimento político dirigido por Getúlio Vargas.

- 1934: Campanha popular contra a imigração curda para o Norte do Paraná.

- 1943: Criado o Território do Iguaçu resultando na perca de grande extensão de terras por parte do Paraná.

-1946: Posseiros, grileiros e fazendeiros entram em conflito em Jaguapitã e Porecatú.

-1951: O governo paranaense realiza a primeira desapropriação de terras com interesse social no Brasil.

- 1955: Acontecem em Guaraniaçu conflitos agrários.

- 1957: Problemas de questões de posse da terra resultam na “Revolta dos Posseiros” na região Sudoeste. Período do auge do café no Paraná. Londrina torna-se a capital mundial do café. A monocultura do café rege a economia e a sociedade.

- 1959: Por causa de uma nota fiscal, de um único pente, explode em Curitiba um movimento social expontâneo denominado "Guerra do Pente".

- 1966: Eleição do último governador eleito por voto direto depois do golpe militar. Introdução de agro-indústrias para proveito da produção agrícola paranaense.

- 1968: Movimento estudantil invade a Reitoria da Universidade do Paraná. O território paranaense está totalmente ocupado.

- 1973: Iniciam as obras da Refinaria Presidente Getúlio Vargas ou Refinaria do Paraná (REPAR), no município de Araucária.

- 1975: A grande geada determina o desaparecimento da monocultura do café e a introdução da monocultura da soja. Todo processo de transformação do meio rural refletirá no meio urbano, principalmente dos grandes centros. O êxodo rural provoca o inchaço das grandes cidades e o seu favelamento em busca do “El Dourado” em Curitiba. A construção de Itaipú, a maior hidroelétrica do mundo, através de um consórcio entre o Brasil e o Paraguai.

- 1977: O Presidente da República, General Ernesto Geisel, inaugura a REPAR.

- 1980: O Papa João Paulo II visita Curitiba.

- 1982: Primeira eleição democrática para governador pós golpe militar. Em 22 de setembro ocorre o fechamento das comportas de Itaipú. Em 10 de novembro iniciou-se a submersão das Sete Quedas.

- 1984: Acontece em Curitiba o primeiro comício em prol das “Diretas Já".

- 1985: Tombamento da porção paranaense da Serra do Mar.

- Década de 1990: Início da tentativa de mudança do perfil econômico do estado através da implantação de indústrias montadoras de automóveis.

- Primeiras décadas do Século XXI: Estamos construindo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A Capitania de Sant'Ana e o Território do Paraná

Para o domínio português do Brasil o território foi dividido em 15 Capitanias Hereditárias (entre 1534 - 1536). Uma delas era a Capitania de Sant'Ana de 40 Léguas (6.600 metros x 40: 264.000 metros ou 264 Km). Esta foi dada a Pedro Lopes de Souza, Irmão de Martin Affonso de Souza. A Capitania estendia-se do atual litoral sul de São Paulo até Laguna-SC. Abrangendo todo litoral do Paraná. É onde, colonialmente, começa o atual Estado.

Martin Affonso de Souza, o irmão, enviado por D. João III realizou expedição para o Brasil em 1530 para iniciar em definitivo a colonização das terras. Fundou a primeira vila do Brasil - Vila de São Vicente - em 1532. Com ele na expedição veio Pedro Lopes, o titular da Capitania de Sant'Ana.

Veja link com o diário de Pedro Lopes de Souza de expedição que fez em 1530-1532 pela costa sul do Brasil. Diário publicado pela primeira vez por iniciativa do historiador Francisco Adolfo de Varnhagem:

http://books.google.com.br/books?id=Cl8CAAAAYAAJ&pg=PA4&dq=francisco+adolfo+de+vanhagem+di%C3%A1rio+pero+lopes&hl=pt-BR&ei=yrfTTrK8Mc7oggexzMjHDQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=9&ved=0CF8Q6AEwCA#v=onepage&q&f=false

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

CRIAÇÃO DO PARANÁ

Até 1853 a região geográfica do Paraná pertencia à Província de São Paulo. Estas terras recebiam a designação oficial de Comarca de Coritiba. E é nas terras da comarca que se criou a Província do Paraná.

A Lei n.º 704 de 29 de Agosto de 1853 que criou o Paraná traz assim o seu cabeçalho:

"Eleva a Comarca da Coritiba na Provincia de S. Paulo á categoria de Provincia, com a denominação de - Provincia do Paraná -."


Ver link Coleção de Leis do Império do Brasil da Câmara Federal:
http://www.camara.gov.br/Internet/InfDoc/conteudo/colecoes/Legislacao/1853%20pronto/leis1853_1.pdf

Ver imagem do texto original da Lei . Fonte: Arquivo Nacional, RJ:


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O PARANÁ

A história do Paraná é diversa e complexa. E é através dela, e da sua paisagem geográfica peculiar, que podemos compreender a riqueza e a multiplicidade da sua cultura.


Em breve estaremos postando textos, imagens, pesquisas, biografias e bibliografias que permitirão aos estudiosos e interessados conhecer um pouco mais dessa terra e sua gente.


Até já!