segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O CAMINHO DO ITUPAVA


A história de um território, de uma região etc., sempre é contada através da perspectiva de sua ocupação. Para que ocorra a exploração e ocupação definitiva sempre foi necessária à utilização de picadas, caminhos, rotas fluviais e marítimas entre outras vias rústicas de comunicação.

No Paraná, estes exemplos também podem são aplicados. Portanto, a seguir vieram as estradas onde só passavam animais de carga e carroças, as ferrovias e as estradas pavimentadas com saibro, conchas encontradas nos inúmeros sambaquis na região litorânea, pedras irregulares, paralelepípedos e asfalto. Todas, indistintamente foram responsáveis para a formação deste estado.

Itupava, segundo Leão, é o "nome do antigo caminho ou pique, communicação entre o litoral e planalto curitybano. Também era conhecido por Estrada do Cubatão". Ele fez parte do rol de caminhos que ligavam mais do que o planalto curitibano, mas todo o território a oeste. Significa dizer, por exemplo, regiões além do rio Paraná até chegar aos atuais territórios andinos.

Caminhos como o Itupava foram utilizados intensivamente pelos europeus após a sua chegada em terras americanas a partir do século XV. Todos indistintamente são originários de trilhas antigas, pré-colombianas. Portanto, é imprescindível afirmar que a exploração e a conquista do território só foi possível através da orientação de indivíduos que detinham o conhecimento da região, os indígenas.

Por mais de dois séculos o Itupava se configurou como importante via de comunicação. Isso só se concretizou com a desobstrução de passagens e a pavimentação de trechos entre outros serviços de melhorias e manutenção ao longo dos anos.

O trajeto primevo (sentido planalto-litoral) iniciava atrás do atual Teatro Guaíra, onde passa o rio Belém. Depois seguia em direção aos atuais bairros do Bacacheri e Atuba. Dali seguia até as imediações da localidade de Borda do Campo, atual município de Quatro Barras, já bem próximo da Serra do Mar. Saint-Hilaire descreve que " ... Deste ponto em diante o terreno ia se tornando cada vez mais acidentado até atingir o Pão de Loth - morro que marcava o início da Serra do Mar. Do Pão de Loth ao fim da serra, o caminho era áspero e penoso aos viajantes, vadeando córregos turbulentos de água límpida, abeirando precipícios medonhos, onde o perigo era sempre iminente". Transpondo a serra o caminho seguia até a localidade de Porto de Cima (município de Morretes). Deste ponto em diante era possível seguir até Paranaguá.

Ainda hoje é possível realizar uma caminhada pelo Itupava. Este caminho se configura como um precioso patrimônio cultural e turístico brasileiro. Ao percorrê-lo vislumbram-se as belezas naturais da Floresta Atlântica assim como uma parcela significativa da História do Brasil.

Referências Bibliográficas.

LEÃO, Ermelino A. de. Diccionario do Paraná. Curitiba: Empresa Graphica Paranaense, 1928.
MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: FCC, 1995.
MOREIRA, Júlio E. Caminhos da Comarcas de Curitiba e Paranaguá; Curitiba: I.Oficial, 1985.
SAINT-HILAIRE, A. de. Viagem pela comarca de Curitiba. Curitiba: FCC, 1995.


Glossário.
. Sambaqui: Do tupi tamba'ki. Monte ou depósito de conchas construído pelo homem.
. Pré-colombianas: Antes da descoberta das américas.




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